( Algo me diz que este é um post incompleto ... Mas vamos lá . )
O que é esse artefato que , oculto ou descaradamente estampado , nossa personalidade incontestavelmente carrega ?
É fato que em meio a um desgosto , discussão , briga ou qualquer derivado , as pessoas já se tornaram ignóbeis e mínimas pra você . ALGUÉM , ALGUMA vez na vida . E com base nisso que eu faço minha definição para orgulho :
O orgulho é uma coroa que , quando posta na cabeça , nos eleva acima das criaturas miseráveis que nos cercam , e nos dá o devido direito de pisá-las , garantindo uma momentânea e irredutível satisfação .
Não interessa o que tentem explicar por orgulho , se é bom ou ruim , se temos muito ou pouco dessa característica . Todos os resultados levam a essa explicação , e ninguém melhor do que uma vítima das conseqüências prejudiciais de carregar essa coroa para detalhar o assunto .
O orgulho é um contra-ataque mortífero , é uma arma afiada , é um escudo laminado que conforme defende , fere aquele que o enfrenta . Quanto maior o seu tamanho , maior seu poder de destruição , e embora apresente as evidências claras de que é algo extremamente ruim , a utilização deste meio nem sempre é algo intencional . Na grande maioria dos casos , o orgulho é como um vírus que se aloca na pessoa , muitas vezes sem ao menos que ela saiba , e cresce devorando suas emoções , assim se alimentando e tomando proporções catastróficas e/ou irreversíveis . As explosões contidas do que sentimos são o grande alimento do orgulho – uma raiva contida , uma decepção silenciosa , uma mágoa contínua – São os pilares dessa edificação semi-indestrutível que se cria em nosso interior , como cicatrizes que raramente somem da nossa pele , e nem mesmo com seu desaparecimento levam embora a lembrança da dor que um dia causaram .
Por quê ?
A raiva ... Quando tomados por ela , passamos a agir como se o nosso “ alvo ” fosse uma criatura insignificante , como se aquele que a dirigimos fosse alguém desprezível e desgraçado , como um vassalo que açoitamos impiedosamente . Irracionalmente , ela nos eleva , faz com que tenhamos por natureza , uma fúria primata que ridiculariza e minimiza aquele que a desperta . Nem sempre com palavras ou gestos , mas as vezes um mero olhar é o suficiente para transmitir cargas de raiva capazes de amedrontar qualquer um que o encare diretamente . E essa raiva que , intencionalmente ou não , nos faz sentir maiores do que os outros e vai se tornando um “ costume ” que o orgulho absorve futuramente .
Da mesma forma , uma grande tristeza ou decepção também contribui para que o nosso orgulho se alimente . O desejo de ficar sozinho , nos isolarmos absolutamente de todos que tenham contato com o mundo é uma maneira de se expor para que as paredes desse orgulho não encontrem dificuldades em se fechar ao nosso redor . Tristezas nos tornam vulneráveis , tornam fracos . Nos trazem medos , nos enchem de receios de novas tentativas e nos fazem acreditar que NÃO PRECISAMOS tentar de novo ( seja lá o que for ) , e que somos auto-suficientes por COMPLETO sem aquilo que nos causou a mágoa . Seja um amor traído , uma briga com um familiar , uma discussão no trabalho ou a decepção em uma amizade . Conforme nos decepcionamos continuamente , vamos abandonando as esperanças de crer que estes são tópicos necessários , e passamos a desvalorizá-los como se fossem pequenos grãos de areia em um deserto infindável , e os evitamos até que alguém sábio e paciente o bastante apareça para mostrar que o deserto só existe graças a cada um dos pequenos grãos , e sem eles é apenas uma porção incompleta de areia .
Enfim , após longo tempo exposto a tal experiência , torna-se fácil discernir as suas origens . Talvez todos sejamos orgulhosos pelo fato de não depender exclusivamente de nós evitar as origens desse mal , mas a proporção dele em cada pessoa varia conforme a maneira de viver . Quem vive com satisfação e feliz , certamente não carrega grandes doses desse veneno no sangue , enquanto aqueles que dia após dia enfrentam desavenças e perturbações , exalam por quilômetros a presença dessa arma letal em sua essência .
E eu ?
Bom , quando necessário , ou quando a vontade acende , consigo transmitir uma humildade ímpar e cativante , mas quando questionarem se carrego dentro de mim algum tipo de orgulho ... É fácil responder . Eu não o tenho .
Eu o sou .
Até a próxima .